António Francisco Barata enaltecido no I Aniversário da Biblioteca Municipal

Com a colaboração do mestre João Simões e da Escola E.B. 2,3 de Góis, António Francisco Barata foi lembrado e homenageado no dia do primeiro aniversário da Biblioteca Municipal, da qual é patrono, na passada segunda-feira, 12.
Lembrar António Francisco Barata em data de primeiro aniversário prende-se com o facto de a autarquia ter decidido “aprofundar mais a figura do seu patrono, alargando o conhecimento desta figura, a mais goienses e interessados na cultura de Góis, que ainda desconhecem o seu trabalho intelectual e a defesa que sempre fez de Góis, a sua terra natal”, esclareceu Helena Moniz, vice-presidente da Câmara Municipal de Góis e vereadora da cultura.
Francisco Barata é hoje o exemplo de muitos goienses que outrora “conseguiram singrar na vida fruto do seu empenho, trabalho e iniciativas, apresentando baixas habilitações literárias”, é, também, uma figura que deu um “enorme contributo para erguer esta Biblioteca… Esperamos agora que as crianças e jovens vejam nele este exemplo de vida e de vontade de aprender”, sublinhou Girão Vitorino, presidente da Câmara Municipal. Resultante de uma vontade há muito ansiada, a Biblioteca é um “equipamento educativo, pedagógico e cultural” ao serviço da comunidade, a funcionar num “ espaço moderno e atractivo” que satisfaz a “sede de cultura” dos goienses, como referiu o autarca.
Assim, neste dia de festa foi possível ver uma exposição com fotografias alusivas à família de Francisco Barata e às casas onde habitou, destacando-se a casa em Góis, na “Rua António Francisco Barata”, ouvir Paula Almeida a declamar o poema “Goes”, do livro “Lembranças da Pátria”, da autoria de Bonifácio Tranca Ratos; assistir ao descerrar da fotografia de homenagem a este “pioneiro das letras”, cuja vida e obra foi apresentada pelo mestre João Simões, no auditório da Biblioteca.

“António Francisco Barata está para Góis, assim como Camões está para Portugal

Licenciado em História, pós-graduado em Museologia, mestre em História Contemporânea, Investigador e Historiador, João Alves Simões apresentou a antologia de alguns documentos impressos, manuscritos, esquemas, fotos e desenhos, sobre a vida e a obra literária do escritor goiense, dos séculos XIX-XX, António Francisco Barata.
Um trabalho que Alves Simões, “beirão serrano pelo nascimento e pelo coração”, começou há 35 anos, e que defende que “ainda não está totalmente completo, falta fechar a porta. A vocês jovens deixo o encargo para o terminar, o caminho está desbravado”, lançou o desafio à plateia, constituída maioritariamente por alunos da Escola E.B. 2,3 de Góis.
Comparando Francisco Barata a Camões, o mestre salienta que Barata escreveu 23 géneros literários, enquanto Camões escreveu 8 e destaca que o goiense escreveu 366 obras e mais de 100 cartas, estando, por este e por outros motivos, António Francisco Barata para Góis, “assim como Camões está para Portugal”, enalteceu.
Assinando com os pseudónimos de D. Bruno da Silva ou Bonifácio Tranca Ratos, Barata foi um autodidacta que não conheceu os seus pais como ele próprio referiu – Filho de paes que até o nome lhe negaram, no berço não recebeu delles educação literária, entrando em Coimbra mal sabendo ler… velou noites inteiras a estudar.
Nascido em Góis a 1 de Janeiro de 1836, Francisco Barata foi conservador da Biblioteca Pública de Évora, vereador do pelouro da Instrução na Câmara Municipal de Évora e deixou “um lugar de relevante projecção no campo das letras e da história”, segundo Gil do Monte. Faleceu em Évora a 23 de Março de 1910, onde ainda hoje repousam os seus restos mortais.

“A casa dos vossos amigos”

Paulo Valério, adjunto do Governador Civil de Coimbra, focou que o ano de “2007 foi declarado o ano europeu de igualdade de oportunidades para todos”, como tal esta biblioteca equipara “os cidadãos de Góis a todos os outros”, prestando “um serviço inestimável e ambicioso, com os olhos postos no futuro, que o Governo Civil não pode deixar de felicitar”, concluiu.
No uso da palavra, José Carvalho, presidente da Assembleia Municipal da Câmara Municipal, fez uma breve resenha histórica sobre o passado, presente e o futuro das bibliotecas, afirmando que estas “vivem actualmente um momento de transformação”, com o aparecimento das novas tecnologias.
Salienta-se que na Biblioteca Municipal podem ser lidas algumas obras do autor e que no futuro será com muito gosto que nos “vamos estar a lembrar do João Simões”, salientou José Albuquerque, presidente do concelho executivo da Escola E.B. 2,3.
Recorda-se que ao longo do seu primeiro ano de funcionamento, a biblioteca recebeu cerca de 3.200 utilizadores, desenvolveu actividades para a infância e juventude, e para a terceira idade, realizou encontros das mais variadas temáticas, promovidos pela Câmara Municipal e outras entidades e, a Feira do Livro.
Girão Vitorino terminou, referindo-se à biblioteca, com a certeza de que “tal como hoje, todos vocês continuarão a acarinhá-la e a frequentá-la, como a casa dos vossos amigos”.
Cristina Correia Pinto
In A Comarca de Arganil

Comentários

António Rei disse…
Cara Cristina,

Como bisneto de A.F. Barata, gostaria de ter outros feedbacks àcerca dele do que aqueles que um familiar pode ter. Diga-me pq o colocou entre os "Sábios Mestres".
Saberá que ele, como você, era um Capricórnio.
Se quiser: ajrei@sapo.pt

Cumprimentos,

António Rei
Gentes da Beira disse…
Olá António,

Para além de ser um capricorniano, também era poeta... mas... sinceramente não foi por isso que publiquei esta reportagem que fiz enquanto jornalista de A Comarca "de Arganil".
A frase que o Mestre João Simões utilizou para descrever o seu bisavô diz tudo - “António Francisco Barata está para Góis, assim como Camões está para Portugal”.
Quando conheci mais sobre a vida e obra do seu bisavô fiquei fascinada, com aquela sensação de que ficou, ainda, tanto por descobrir e tanto para aprender.

Obrigada,
Cristina Correia Pinto

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