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Conscientes e Psicopatas

Apetece-me falar das pessoas que conheci, das que conheço e daquelas que desejo que tenham a verdadeiramente oportunidade de conhecer o seu EU. Sinceramente e por mais dura que possa parecer, essas nem faço questão de as ter por perto, de ousar ouvir ou pronunciar o seu nome, por uma questão de respeito, acima de tudo por MIM e por elas próprias. Se há algo que eu tentei entender, desde sempre, foi a mente humana, nomeadamente o que leva um Ser Humano a matar outro Ser Humano. Aquele sentimento de compaixão: Oh coitado! O que o motivou? O que sentiu para? O que sentiu quando? O que sente agora? Foram questões que dominaram grande parte da minha vida, no mínimo seis intensos e longos anos. As respostas que ouvi: - Não pode ter sido! - É da família! - Sempre nos acarinhou! - Não foi capaz! - Foi outra pessoa! - Deve estar a ser ameaçado! Mas a melhor de todas é: se matou, tinha um bom motivo! - Claro que esta só pode ser dada por outro psicopata! Atenção que

Adoro mesmo!

Adoro dialogar de mim para mim e, ouvir o grito de guerra do meu silêncio! Adoro olhar-me olhos nos olhos e, libertar aquele sorriso que sai das profundezas da alma! Adoro sentir a força do vento no rosto e, ter noção da insustentável leveza do meu ser! Adoro o brilho de olhares transparentes e, a cor de  gargalhadas cúmplices! Adoro ter estes rasgos de inspiração e, deixar-me guiar pela intuição! Adoro ouvir música e, dançar ao meu próprio ritmo! Adoro sentir o cheiro da terra molhada e, ver o sol reflectido na minha pele!  Adoro viver e, deixar viver a criança que sou! Adoro o cheiro da minha filha e, sentir que ela existe em mim! Adoro não parar de chorar de alegria e, rir simultaneamente como uma louca! Adoro a complexidade das coisas simples e, torná-las enigmáticas! Adoro deitar-me no chão e, ficar tonta ao contemplar o céu estrelado! Adoro tudo o que me faz respirar e, me devolve um suspiro de esperança! Adoro caminhar com passos firmes e, vo

Está lá? Está bem?

“Estou bem”, responde o sr. Belmiro do outro lado da linha. Sabe quem fala? De facto, não foi fácil reconhecer, dado que só estivemos uma vez juntos e só foi efetuado hoje o primeiro telefonema. Depois de feito o reconhecimento, o sr Belmiro questionou acerca da nossa visita. Explicámos que qualquer dia iríamos visitá-lo novamente, mas que nos próximos tempos de quinze em quinze dias lhe iríamos telefonar. Rapidamente questionou. “Sabe o que estava a fazer?” Estava a ler? Questionámos contentes pelo desafio e pela forma como o primeiro telefonema estava a ser conduzido. “Não! Estava a rezar pelos meus pais. Tenho o terço ao lado da cama e estava a rezar por alma deles”, explicou. Ciente de como o encontro com Deus é importante para com os crentes, retorquimos se queria que lhe ligassemos mais tarde. Para nosso espanto, o sr. Belmiro disse que rezava mais tarde. Começou a contar que a sua doença era de família, já o pai, os irmãos Manuel e Francisco padeciam do mesmo. “Na provínc

Amor com amor se paga

"Por vezes, Deus vai pedir-lhe que desista do seu sonho para fazer parte do sonho de outra pessoa. É preciso coragem e humildade para o fazer. Mas repare bem nos resultados. Só o Céu saberá o impacto que teremos" (In A Palavra Para Hoje Primavera 11, 29 Jun Qua) O Senhor Belmiro tem quase 85 anos de vida e está condenado a viver entre a cama e a cadeira de rodas, à semelhança de uma parte significativa da nossa sociedade. A viver num 5º andar, sem elevador, em plena baixa lisboeta. Recebe o apoio da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Vive com um sobrinho com cerca de 50 anos. Gosta muito de história, adora falar… no entanto, pouco ou quase nada ficámos a saber sobre a sua vida. Simplesmente ouvimo-lo a dizer fugazmente que foi polícia. Amputado da perna esquerda. Tem diabetes, teve uma ferida que não sarava… mas não se lamenta. A história antiga e a atual domina-a mais do que nós. Tem a 4.ª classe. Da sua vida, sabemos que é o filho mais novo de 11. “A minha mãe teve 11 fi

Tu simbolizas tanta gente…

tanta gente importante que a morte está a arrancar da minha vida… Em passos lentos subo as escadas, por ironia do destino, as mesmas que sempre subi a correr para te ir ver… agarro-me ao corrimão, o mesmo que desci de escorrega e onde me pendurava com o máximo cuidado para não me ouvires a fazer asneiras. Em cada degrau detenho-me e dou por mim a ter uma crise de saudosismo, que tu de certeza que a ias apelidar de infantilidade, de mimo, mas mesmo assim não me detenho e vou mais longe numa tentativa de acalmar o meu coração e… Encontro parte do álbum de memórias que partilhaste comigo, o mesmo que construímos em conjunto, que eu contínuo a encher e que um dia terá uma edição praticamente irreconhecível. Que sensação estranha, como é que é possível agora mais do que nunca cada pedaço tão curto tem uma longa história, com vários actores, várias cores, várias sensações, com inúmeras perguntas e apenas uma resposta para a sua existência… tu e eu! Revivo alguns momentos com uma nitidez úni

A Comarca de Arganil suspende publicação

“ De facto, quem é honesto, dificilmente consegue vencer as dificuldades. Entrámos em processo de insolvência pelos motivos explicados e já conhecidos. Todavia não conseguimos reunir as condições necessárias que permitam manter em publicação o jornal. Aguardamos agora a decisão judicial que decorre daquele processo no Tribunal de Arganil, para depois se ver o que será possível fazer-se. Simultaneamente encerram também as instalações comerciais. Os últimos tempos têm sido difíceis de controlar e os problemas agravar-se-iam se não fossem, de imediato, estancados. Só com boas palavras, as quais agradecemos, não conseguimos vencer as “crises” que nos afectam. Desculpem-nos a sinceridade. Desde a impossibilidade de recurso ao crédito, aos cortes das comunicações telefónicas, de fax, de Internet, tudo nos tem sido feito e para cúmulo nunca ninguém apareceu como negligente ou culpado. Também os CTT nos recusaram o envio de uma emissão do jornal, porque, unilateralmente e sem qualquer aviso pr

Desejos Ardentes

Desejos ardentes Futuros obscuros; Corpos dormentes Uma mistura de seda com algodão Um corpo esbatido no meio da multidão Um aperto no peito Uma carícia imaginada Uma ausência pesada Um sentir desesperado Um pedir silenciado Saber a fel e ser doce como o mel Saber chorar de dor e não saber rir de prazer Saber acordar de um sonho e dormir num pesadelo Viver a vida atormentada pelo sossego da morte Sentir a ausência de um corpo presente Numa ilusão perdida numa existência malfadada. Cristina Correia Pinto