Morreu a filha do mar que voava como as gaivotas.
“Apareceu morta no rio Mondego uma mulher, com cerca de 50 anos, desconfiam que é a Maria José Costa. Aquela senhora que entrevistaste…” Perante tais palavras reagi como grande parte da turba quando perde alguém, e fiquei até hoje sem conseguir pronunciar uma única palavra acerca deste desaparecimento. Hoje, senti uma enorme vontade de escrever, talvez para a perpetuar ainda mais, talvez para deixar neste quadro uma pincelada daquela que foi a mulher que entrevistei e com a qual criei um laço forte de amizade. Porém, por mais palavras que busque, não consigo transmitir nada, não sei ao certo o que sinto, não consigo expressar-me… só me lembro da sua voz doce e meiga, do seu olhar carinhoso e da forma formidável com que lutava contra a auto mutilação. “É aqui nesta casa de banho que corto os pulsos, até já pus a foto da minha neta para ver se tenho força e não volto a cortar-me, mas nem assim”, contou-me naquela tarde em que vi que afinal os versos de Florbela Espanca poetizados em Ser ...