Dom Escuro lançado no esplendor da juventude

Dom Escuro é o mais recente livro de Carlos Edgar, no qual mais uma vez foca a temática do medo. Depois, de A Verdadeira História do Capuchinho Vermelho, o escritor natural da vila de S. João de Areias, aos 27 anos, continua dedicado à escrita infanto-juvenil.
Viajar através das letras e das palavras é um sonho de Carlos Edgar, que ganhou asas com o nascimento da sua filha. O horizonte é “atingir outro público, mas para já esta é uma área que deve ser muito mais trabalhada, pela mais-valia que é para a sociedade trabalharmos esta faixa etária”, justifica.
No entanto, o jovem escritor desvenda que tem “uma obra praticamente concluída, virada para os adultos, mas desta vez não vai focar medos, vai focar as questões do ser mediático, o custo que as pessoas pagam para serem mediáticas, para aparecerem, basicamente é isso”.

“Esta obra foi escrita baseando-se nos próprios medos que eu tinha, quando era criança e, nas dificuldades que nós temos muitas vezes em ultrapassá-los”
Carlos Edgar

Sobre as duas obras editadas, o autor explica que estas têm em comum os medos das crianças e, no caso concreto de Dom Escuro, a história traz à luz do dia alguns aspectos dos seus próprios medos. “Esta obra foi escrita baseando-se nos próprios medos que eu tinha, quando era criança e, nas dificuldades que nós temos muitas vezes em ultrapassá-los”.
Encarada como uma “apresentação especial”, por parte de António Brito Correia, vereador da cultura e vice-presidente da Câmara Municipal da cidade santacombadense, porque conhece o Carlos “há muitos anos” e, tem “uma grande amizade por ele, um grande respeito. Ele é um homem com características fantásticas e que, de facto, consegue pôr na prática todas essas mais-valias que tem em termos da sua personalidade”.
Enfermeiro de profissão, o jovem escritor explica que resolveu lançar o livro no Hotel Rural Santo Cristo, em S. João de Areias, porque foi nesta vila que passou a infância e, ultrapassou os medos.
Para o presidente da Junta de Freguesia de S. João de Areias, António Antunes, esta iniciativa foi muito boa para a freguesia. De acordo com o autarca, “as pessoas não estão muito inclinadas para a cultura. É uma coisa que não está na mentalidade das pessoas, devido ao nosso passado e, ao nível cultural que tínhamos. Hoje acho que a gente jovem tem outra visão”, reconhece orgulhoso de Carlos Edgar.
Assim, para que a mentalidade mude e, para ajudar o jovem autor, a Junta de Freguesia comprou livros, com o objectivo de, “em princípio, fazê-los chegar junto às escolas para as crianças terem noção do que é, para começar a incentivá-las para a leitura, para verem que o autor é uma pessoa aqui da freguesia”, avança António Antunes.
Da parte da Câmara Municipal de Santa Comba Dão, também, foram adquiridos alguns exemplares do livro com o mesmo objectivo da Junta de Freguesia de S. João de Areias. “Neste livro, tal como no primeiro, o Carlos teve a iniciativa de ir fazer algumas sessões à Biblioteca Municipal. Ainda, não falámos sobre essa matéria, mas estou convencido de que vamos fazer essas iniciativas. Adquirimos alguns exemplares do livro que iremos distribuir pelas nossas escolas e, naturalmente na Biblioteca Municipal”, informa o vereador da cultura.
Salientando que a produção literária no concelho “não é muita”, Brito Correia diz-nos que cada autor que promova um livro “deve ter todo o apoio institucional por parte da autarquia”. “É isso que temos feito com todas as iniciativas, infelizmente não têm sido aquelas que gostaríamos, mas estamos certos de que irão ser mais”, refere.
Enquanto representante da autarquia assegura que se vai “continuar a apoiar todo este tipo de iniciativas” e, que “a curto prazo, eventualmente, durante o ano de 2008” a autarquia pretende “fazer uma Feira do Livro, porque essas sim são as iniciativas que levam, não só a um maior consumo de produção literária nacional, mas, também, algumas pessoas a serem produtores literários”, argumenta desvendando que a “médio prazo” pensam na “criação de um concurso literário. É algo que está idealizado, mas que ainda não tem data apontada para se concretizar”.

“Achámos que era importante voltar a apoiar o Carlos Edgar”
Liliana Pereira

Em relação ao primeiro livro, Liliana Roma Pereira, representante da Papiro Editora avançou que viu a sua edição “praticamente esgotada e, portanto, achámos que era importante voltar a apoiar o Carlos Edgar. Não só por esse êxito, mas também por nesta zona do país haverem poucos autores. Achámos uma boa aposta, queremos cativar o potencial desta área em termos de produção literária e, poderemos descobrir aqui outros autores que se interessem”.
Dom Escuro é um livro destinado para o 1.º Ciclo do Ensino Básico, especialmente para a primeira e segunda classe, porque tem “poucas páginas, pouco texto, muita ilustração e, é uma história simples”, justifica Liliana Pereira.
Contudo, para que Carlos Edgar não tivesse medo de dar asas à sua imaginação, para o lançamento de A Verdadeira História de Capuchinho Vermelho contou com o apoio da Câmara Municipal e, para que Dom Escuro visse a luz do dia contou com o patrocínio da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia. “Foram eles que me garantiram ou que viabilizaram a edição do livro, em boa verdade”, conta.
Para quem não conhece a primeira obra do autor, este explica que esta é uma “readaptação da História do Capuchinho Vermelho como nós conhecemos, mas tem algumas alterações que são de certa forma úteis, porque, hoje em dia, é inconcebível que um lobo coma um ser humano. A nova versão é uma história menos violenta e um pouco mais ligada à parte do ambiente. Não tem o lobo, tem o cão, que acaba por ser um cão abandonado, chamando muito uma temática que hoje, também, está muito em voga e que se fala muito”, resume.
Quanto a Dom Escuro, para além do que já foi dito, vem “trazer uma solução quase mágica para os pais abordarem este medo, refugiando-se na figura de um papão, que neste caso é um palhaço”, concluiu Carlos Edgar.
Cristina Correia Pinto
in O Tabuense

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