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A Comarca de Arganil suspende publicação

“ De facto, quem é honesto, dificilmente consegue vencer as dificuldades. Entrámos em processo de insolvência pelos motivos explicados e já conhecidos. Todavia não conseguimos reunir as condições necessárias que permitam manter em publicação o jornal. Aguardamos agora a decisão judicial que decorre daquele processo no Tribunal de Arganil, para depois se ver o que será possível fazer-se. Simultaneamente encerram também as instalações comerciais. Os últimos tempos têm sido difíceis de controlar e os problemas agravar-se-iam se não fossem, de imediato, estancados. Só com boas palavras, as quais agradecemos, não conseguimos vencer as “crises” que nos afectam. Desculpem-nos a sinceridade. Desde a impossibilidade de recurso ao crédito, aos cortes das comunicações telefónicas, de fax, de Internet, tudo nos tem sido feito e para cúmulo nunca ninguém apareceu como negligente ou culpado. Também os CTT nos recusaram o envio de uma emissão do jornal, porque, unilateralmente e sem qualquer aviso pr

Desejos Ardentes

Desejos ardentes Futuros obscuros; Corpos dormentes Uma mistura de seda com algodão Um corpo esbatido no meio da multidão Um aperto no peito Uma carícia imaginada Uma ausência pesada Um sentir desesperado Um pedir silenciado Saber a fel e ser doce como o mel Saber chorar de dor e não saber rir de prazer Saber acordar de um sonho e dormir num pesadelo Viver a vida atormentada pelo sossego da morte Sentir a ausência de um corpo presente Numa ilusão perdida numa existência malfadada. Cristina Correia Pinto

Morreu a filha do mar que voava como as gaivotas.

“Apareceu morta no rio Mondego uma mulher, com cerca de 50 anos, desconfiam que é a Maria José Costa. Aquela senhora que entrevistaste…” Perante tais palavras reagi como grande parte da turba quando perde alguém, e fiquei até hoje sem conseguir pronunciar uma única palavra acerca deste desaparecimento. Hoje, senti uma enorme vontade de escrever, talvez para a perpetuar ainda mais, talvez para deixar neste quadro uma pincelada daquela que foi a mulher que entrevistei e com a qual criei um laço forte de amizade. Porém, por mais palavras que busque, não consigo transmitir nada, não sei ao certo o que sinto, não consigo expressar-me… só me lembro da sua voz doce e meiga, do seu olhar carinhoso e da forma formidável com que lutava contra a auto mutilação. “É aqui nesta casa de banho que corto os pulsos, até já pus a foto da minha neta para ver se tenho força e não volto a cortar-me, mas nem assim”, contou-me naquela tarde em que vi que afinal os versos de Florbela Espanca poetizados em Ser

Visita de médico

Nove meses depois volto a visitar Santa Comba Dão: a mãe que me viu crescer, a madrasta que me virou as costas e a velha que falhou na operação plástica. Convicta de que estava esquecida, com rugas e cheia de características tão típicas de quem já viveu largos e bons anos, ousou fazer algumas transformações para ver se dava mais nas vistas e se corrigia alguns aspectos, de forma a não ficar tão beirã. Vaidosa, de trato fácil, conservadora por excelência, foi sem dúvida uma surpresa ver como este colo materno se deixou influenciar de tal modo a ficar descaracterizada. O mais espantoso de tudo é tentar perceber como alguns filhos e enteados deixaram que ela ficasse tão desproporcional e entrasse num vaidosismo exagerado. Confiou nas mãos da especialista Cármen Menosmal e aceitou ser alvo de uma intervenção cirúrgica no âmbito do tratamento Requalificar Partes Corporais Degradadas (RPCD). Com 25% do tratamento pago, numa primeira fase resolveu aumentar os dois seios, um para amamentar os